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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Renda insuficiente e falta de imóveis adequados travam venda de usados em São Paulo

O aumento dos prazos de pagamento para até 30 anos e a redução dos juros em algumas linhas de financiamento bancário têm levado mais gente a procurar imóveis na Capital, de acordo com 55% dos corretores de imóveis consultados em 434 imobiliárias da cidade de São Paulo em setembro. Mas a falta de propriedades adequadas e a insuficiência de renda das famílias foram apontados, respectivamente, por 32% e 25% dos corretores como os principais empecilhos à compra da casa própria.

Entretanto, a consulta feita pelo Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (CRECI-SP) apurou ainda que 43% dos profissionais entrevistados disseram não ter havido alteração na procura por imóveis desde que os bancos anunciaram prazos maiores e juros menores, como fez a Caixa Econômica Federal (CEF), por exemplo, há cerca de dois meses. E o movimento diminuiu para 1,71% dos corretores.

Os corretores de imóveis consultados citaram também, entre os motivos para o não crescimento das vendas de imóveis usados, a burocracia na aprovação do crédito (9,15%), a falta de dinheiro para bancar a entrada (8,84%), a documentação irregular do imóvel (7,32%), a falta de informação (5,79%) e a supervalorização dos imóveis (4,57%).

Além do problema de inadequação da renda e dos imóveis à situação financeira das famílias, a consulta do CRECI-SP apurou que, para a maioria dos corretores de imóveis (51,76%), a preferência dos potenciais compradores recai sobre os imóveis novos neste momento de aparente facilitação das condições de financiamento. Outros 28% disseram não ter notado essa preferência enquanto que 20% afirmaram não ter percebido nenhuma mudança de comportamento entre os que visitam as imobiliárias.

“O resultado da consulta feita pelo CRECI-SP corrobora o que nossas pesquisas mensais têm mostrado - o mercado de imóveis usados em São Paulo caminha em ritmo de gangorra, com vendas flutuando de um mês para outro, sem indicativo claro de tendência”, resumiu José Augusto Viana Neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (CRECI-SP). “Em setembro, depois do excelente desempenho de agosto, o mercado não só parou como andou para trás, emitindo um claro sinal de alerta para o governo: é preciso fazer novos ajustes no crédito e nas demais condições dos financiamentos, cabendo aos construtores ajustar melhor a produção à demanda.”

Ao falar em “ajuste da produção”, o presidente do CRECI-SP referiu-se ao fato de haver descompasso entre a demanda, ou a capacidade de compra da maioria da população, e a oferta de imóveis novos, que acaba se refletindo depois no mercado de usados. “Embora individualmente os lançamentos de 2 dormitórios predominem, a maioria dos lançamentos se concentra ainda nos imóveis de alto e médio padrão, de 3 e 4 dormitórios”, esclareceu Viana. Ele acrescentou que “esses imóveis mais caros podem até se tornar mais atrativos para segmentos da população por causa dos prazos maiores de financiamento, mas o que mais os consumidores buscam e podem comprar são os apartamentos de dois dormitórios, mais modestos e mais baratos”, explicou José Augusto Viana Neto.

“O retrato mais fiel dessa realidade da demanda é o mostrado seguidamente pelas pesquisas feitas pelo CRECI-SP – as vendas de imóveis usados concentram-se nos que têm preços mais baratos”, exemplificou o presidente do CRECI-SP. Na média geral, entre 50% e 60% das casas e apartamentos vendidos mensalmente estão situados na faixa de valor de até R$ 100 mil. Por faixa de preço, a que tem maior volume de vendas – 19% a 20% - é a dos que são vendidos por valores entre R$ 61 mil e R$ 80 mil, caso típico do dois dormitórios, nas zonas C e D, classe média-baixa e classe baixa-alta.

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